Coordenador de ensino e pesquisa do Serviço de Farmácia Clínica do Instituto de Pesquisa Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), Gilberto Marcelo Sperandio da Silva acredita que um bom farmacêutico precisa ter habilidade manual para manipular os medicamentos. Ele aconselha a pessoas com alergia que tomem cuidado ainda maior ao lidar com inúmeras substâncias.
Gilberto Silva considera o farmacêutico como o profissional da interface, porque não é médico, nem biólogo ou químico, mas transita nestas áreas e sabe um pouco de todas. Além disso, tem contato com as áreas de administração, economia, legislação e estatística. Outros quesitos importantes, na avaliação de Gilberto Silva, são: saber inglês, já que muitas informações vêm nesta língua, e buscar especializações.
“Para ganhar bem é preciso ter bastante especialização. Não pode se acomodar. É importante ressaltar também que a legislação exige a presença de um farmacêutico responsável na produção e comercialização de medicamentos, isto é, nas indústrias farmacêuticas e em drogarias e farmácias”, alerta.
O que faz
O farmacêutico é o profissional responsável pela produção e transformação de substâncias químicas, assim como pelo controle do seu consumo. Tais substâncias podem ser medicamentos, cosméticos e produtos de higiene pessoal. O curso tradicionalmente oferece três habilitações – produção industrial, análises clínicas e toxicológicas e análise de alimentos. Com a reforma curricular, essa formação se tornou generalista. O farmacêutico sai apto a desempenhar tarefas nessas três grandes áreas.
Áreas de atuação
O profissional de farmácia pode trabalhar na indústria farmacêutica, pesquisando e preparando novos produtos; na distribuição e comercialização dos medicamentos; na vigilância sanitária; na indústria alimentícia, atuando no controle da qualidade da matéria-prima e do produto final; em laboratórios de análises clínicas; ou em órgãos reguladores como o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Especialização
Os profissionais interessados em se aperfeiçoar podem buscar cursos nas áreas de análises clínicas, indústria, farmácia hospitalar, farmacologia, entre outras.
Glaucilene Rodrigues da Silva gostava muito de biologia e química e, por isto, pensou em fazer medicina ou engenharia química. A decisão pelo curso de farmácia aconteceu quando estava no segundo ano do Ensino Médio, a partir de uma conversa com um professor. “Achei ótimo porque era o casamento da química com a biologia”, resume.
Aluna do 3º período de Farmácia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Glaucilene considera o curso bastante equilibrado, especialmente depois da mudança curricular, que começou a ser implementada no segundo semestre de 2007. Além do aumento do número de períodos, houve um rearranjo de matérias “Antes havia muito enfoque em tecnologia; as pessoas não se sentiam profissionais de saúde”, diz. Ela comemora o aumento do número de disciplinas e de períodos porque terá melhor formação.
A estudante conta que também teve dificuldades no início: “Quando entramos encontramos um mundo muito diferente. O curso é pesado, em horário integral. Chega um momento em que se pensa em desistir.” Para ultrapassar o estranhamento inicial, Glaucilene sugere aos interessados que reforcem a base de química e biologia e procurem conhecer mais a estrutura do curso na universidade para a qual pretendem se candidatar.