Quando se pensa na atuação do médico veterinário, uma das primeiras idéias que vêm à cabeça é o trabalho em clínicas veterinárias. Mas o campo de ação desse profissional é bem mais amplo. O chefe do Departamento de Primatologia do Centro de Criação de Animais de Laboratório (Cecal/Fiocruz), Antonio da Mota Marinho, ressalta que a síntese da profissão é a prevenção e o tratamento das zoonoses. “Os animais estão muito próximos do homem, seja como um bicho de estimação, na alimentação ou mesmo no trabalho. Por isso, a importância de o veterinário estar atento ao controle das zoonoses. Infelizmente, no Brasil, ainda não há veterinários em hospitais auxiliando o médico na identificação das zoonoses. Essa prática já ocorre em muitos países do primeiro mundo.”
Antonio da Mota Marinho atua como veterinário de biotério, ou seja, com animais voltados à pesquisa científica. Ainda no campo da pesquisa, o veterinário pode trabalhar em parceria com o zootecnista no melhoramento genético animal. “Através da genética, busca-se a produção da maior quantidade de alimentos com a melhor qualidade. Um exemplo são as vacas de leite de alta produção”, explica.
Nas Forças Armadas, o veterinário é o primeiro a chegar nas áreas de combate, a fim de verificar a presença de riscos biológicos para tropa, como doenças locais ou armas biológicas. Antonio da Mota ressalta que a finalidade desse profissional é a defesa, e não o desenvolvimento de armas biológicas. “O veterinário precisa ter o conhecimento sim, mas para que a tropa seja protegida de possíveis ataques biológicos”, explica. Nos tempos de paz, ele também é responsável pelo tratamento dos animais do quartel, pela inspeção da alimentação da tropa e pelo controle de vetores dentro do quartel.
O que faz
O médico veterinário cuida da saúde dos animais, trabalhando na prevenção e no tratamento de doenças, inclusive daquelas que podem atingir tanto animais quanto seres humanos: as zoonoses. O veterinário atua ainda na vigilância sanitária, especialmente no controle da fabricação de produtos de origem animal. Na indústria alimentícia, inspeciona o beneficiamento e a manipulação das matérias-primas para evitar a transmissão de doenças à população. Em fazendas, é responsável pela alimentação, pela prevenção de doenças e pelo controle sanitário dos animais de produção – bovinos, caprinos e suínos. Pode também trabalhar na preservação ambiental, protegendo e tratando dos animais silvestres.
Áreas de atuação
Clínicas veterinárias, fazendas, instituições de saúde pública, abatedouros, clínica de animais silvestres, zoológicos e centros de triagem de animais, além de laboratórios direcionados, principalmente, para a saúde animal. Pode ainda atuar nas Forças Armadas, trabalhando em áreas de combate, a fim de verificar a presença de riscos biológicos para tropa, como doenças locais ou armas biológicas.
Especialização
O médico veterinário tem muitas opções de especialização Lato sensu, entre elas destacam-se: clínica de animais pequenos e grandes, odontologia, oftalmologia, ortopedia, reprodução animal, diagnóstico por imagem, análises de laboratórios e homeopatia. Além disso, há os cursos de Stricto sensu, mestrado e doutorado.
Aluna do 5º período de medicina veterinária da Universidade Federal Fluminense (UFF) e estagiária do Departamento de Primatologia do Cecal/Fiocruz, Bárbara Pereira escolheu a carreira por abranger muitas áreas das quais gostava, como biologia e saúde pública, e pelas possibilidades de atuação no mercado de trabalho. Ela conta que antes do vestibular pesquisou bastante sobre o campo profissional. “Eu li os editais da UFF e de outras universidades e também busquei informações em sites de instituições, como a própria Fiocruz”, afirma.
Sentindo-se realizada com a profissão, Bárbara diz que no departamento de Primatologia do Cecal teve a oportunidade de conciliar as duas áreas que mais gosta: animais selvagens e saúde pública. “Mesmo buscando informações sobre a atuação do veterinário, o trabalho me surpreendeu. Não imaginava que pudesse realizar tantas atividades”, comenta a estudante, que trabalha em duas pesquisas com primatas da espécie saimiri.sp, avaliando o comportamento reprodutivo da colônia e as possíveis causas da não fertilidade de algumas fêmeas, assim como a relação mãe/filhote, já que ocorrem muitos casos de rejeição. “Também faço o controle das zoonoses, acompanho os atendimentos clínicos, se acontece algum acidente entre os primatas, faço suturas, assisto cirurgias, aplico vacinas, realizo coleta de sangue, entre outras ações”.
Uma das maiores dificuldades do curso de medicina veterinária, segundo Bárbara, é a carga horária. Com aulas à tarde e à noite e algumas disciplinas pela manhã, fica difícil conciliar os estudos com o estágio. “Passar pelas disciplinas de microbiologia e parasitologia também não foi fácil, mas embora tenham sido muito difíceis, achei as mais interessantes”, destaca.