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Musicoterapia
Não só ouvir música

Grazielly Aquino explica como é a formação do musicoterapeuta (Foto: Arquivo pessoal)

Ainda pouco conhecida no país, a musicoterapia pode passar para algumas pessoas a idéia de que é um tratamento feito apenas para ouvir músicas passivamente, mas a musicoterapeuta e mestranda em psicologia clínica pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Grazielly Aquino explica que nessa terapia, o cliente é o ator principal.

“É muito comum as pessoas acharem que vão chegar ao consultório deitar e ficar ouvindo alguma música, escolhida pelo musicoterapeuta, para relaxar. Mas o que fazemos é apresentar alguns instrumentos musicais, como teclado, violão, percussão com os quais o cliente vai entrando em contanto, se identificando com algum em especial e criando sua própria maneira de se expressar. Não importa que ele nunca tenha feito isso antes. Às vezes, alguns ficam inibidos, mas vamos lidando com isso e o importante é que a pessoa se expresse através da música. É preciso destacar que quem escolhe as músicas é o próprio cliente, pois trabalhamos com a identidade musical de cada um", afirma.

Para fazer a graduação em musicoterapia, Grazielly ressalta que é necessário fazer uma prova de aptidão musical e embora esse profissional não vá se especializar como um músico, ele precisa ter conhecimentos musicais e saber tocar bem, pelo menos, um instrumento. “O curso é dividido em quatro grandes áreas que são trabalhadas do início ao fim, são elas: sensibilização, que envolve expressão corporal, dinâmica de grupo; psicológica, onde se estuda psiquiatria, psicopatologia, psicologia social, psicodrama; médica, com noções de anatomia, reabilitação motora, e musical, com aulas de instrumento, harmonia, canto e história da música. É uma formação maravilhosa. Eu diria para quem está pensando em fazer musicoterapia, que siga em frente!”, ressalta.

O que faz

A musicoterapia é um processo terapêutico que usa a música para ajudar a pessoa a aumentar seu bem estar, facilitar a comunicação, a expressão, a aprendizagem e o relacionamento. No Brasil, a técnica mais empregada é a musicoterapia ativa, por meio da qual o cliente “faz” música junto com o terapeuta, seja tocando um instrumento musical, cantando, compondo ou improvisando. O musicoterapeuta atua com públicos diversos. Trata crianças com hiperatividade e déficit de atenção, paralisia cerebral, autismo, problemas motores, entre outros. Trabalha com idosos, estimulando sua auto-estima e sua memória, além de incentivar o contato com outras pessoas, já que muitas vezes a terapia é em grupo. Na área de saúde mental, o profissional ajuda pessoas com transtornos psiquiátricos a saírem do isolamento e se relacionarem melhor com o mundo externo. A atividade pode ainda ser desenvolvida com pessoas que não apresentam nenhum distúrbio, mas querem passar pela experiência de fazer uma terapia diferente. Outra forma de atuação é o estímulo à comunicação entre mãe e filho, durante a gestação.

Áreas de atuação

Hospitais, clínicas, consultórios, centros de reabilitação, escolas e empresas.

Especialização

Não há cursos de especialização específicos para a musicoterapia Stricto sensu. Mas o profissional pode buscar o aperfeiçoamento em outras especialidades que agregarão conhecimentos à sua prática, como por exemplo, psicanálise e psicologia.

Sensibilidade aguçada

A musicoterapia chegou à vida de Pollyanna de Azevedo Ferrari a partir da conversa com uma terapeuta que conheceu. “Durante o ensino médio já sabia que gostaria de seguir uma profissão da área de saúde. Tinha dúvidas entre algumas, mas já estudava música há algum tempo. Quando soube da existência da musicoterapia, pesquisei sobre a profissão e me apaixonei desde o início. A possibilidade de expressão, de reabilitação, de integração e de tratamento por meio de experiências sonoro-musicais foi o que me encantou”, revela.

Recém-formada em musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música – Centro Universitário, no Rio de Janeiro, Pollyanna destaca a riqueza da interdisciplinaridade do curso. “Temos aulas de flauta-doce, teclado, violão, percussão, canto coral, MPB, história da música, percepção musical, música contemporânea e musicalização dentro da área da música. Estudamos também disciplinas do campo da psicologia, da neurologia, anatomofisiologia, antropologia, filosofia, ética. Além disso, temos matérias de sensibilização, nas quais aprendemos a ouvir o outro e a respeitar o tempo de cada um. Nestas experiências aprendemos muito sobre nós mesmos. Acredito que este seja um grande diferencial do curso: aguçar a sensibilidade e a criatividade do terapeuta”, afirma.